terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Modismo ou um desafio?

Pessoal, eu li este artigo no curso de Responsabilidade SocioAmbiental da da FGV, gostei muito e gostaria que vocês tirassem suas conclusões, e deixassem se possível um comentário.


Modismo ou um desafio?

O termo sustentabilidade tem sido utilizado com diferentes sentidos no contexto organizacional. Num extremo, vemos uma organização falando em sustentabilidade como sinônimo de perenidade, de garantia da sua lucratividade e da sua sobrevivência, sem fazer alusão aos aspectos éticos, sociais e ambientais da proposta original de desenvolvimento sustentável. No outro extremo, temos organizações que advogam que sustentabilidade é incompatível com desenvolvimento. Há, ainda, quem diga que sustentabilidade é mais um modismo e que logo será substituído por outra proposta.

Vamos analisar como e quanto este conceito vem sendo empregado nas melhores escolas de administração do mundo e nas grandes empresas multinacionais. Para identificar a inserção das propostas da sustentabilidade nos cursos de MBA dessas escolas, o WorldResources Institute e o Aspen Institute, ambas organizações não governamentais com atuação global, realizam a cada dois anos uma pesquisa com mais de 600 MBAs. Estas pesquisas constataram que o número de escolas que oferecem uma ou mais disciplinas sobre ética, responsabilidade social ou sustentabilidade cresceu de 34% em 2001, para 45% em 2003 e 54% em 2005 (www.beyondgreypinstripes.org).

No mundo empresarial, o conceito de sustentabilidade vem sendo cada vez mais discutido. Um exemplo disto foi o debate realizado em 19 de outubro de 2005, na sede do Citigroup em Nova Iorque, tendo como mediador Geoff Colvin, editor da revista Fortune e como debatedores Todd Thomson, o CEO do Citigroup; Robert Joss, Diretor da Escola de Administração da Universidade de Stanford e C.K.Prahalad, professor da Escola de Administração da Universidade de Michigan e considerado pela revista Business Week como um dos dez mais importantes gurus da atualidade na área de estratégia e negócios. Os debatedores concluíram que as organizações precisam de líderes que olhem para o futuro e que entendam a sustentabilidade como um compromisso da sua organização e como uma oportunidade de negócio.

Quando o mediador perguntou aos debatedores se "o que é bom para os stakeholders (as partes interessadas no negócio) é bom para os shareholders (acionistas)?", um deles respondeu dizendo: Imaginem uma situação em que os fornecedores estão comprometidos e satisfeitos com a relação com a empresa cliente; os clientes desta empresa estão satisfeitos com a qualidade e com o preço pago pelo produto que adquiriram, bem como com o comprometimento social e ambiental de quem lhes está entregando aquele produto; os colaboradores que trabalham nesta empresa estão motivados e comprometidos com os objetivos da organização; a comunidade do entorno e a sociedade em geral reconhece esta empresa como uma organização ética e responsável no campo social e ambiental. Será que tudo isto não irá resultar em lucros para esta empresa? Será que tudo isto não interessa aos shareholders?

O Prof. Prahalad lembrou os casos que apresenta em seu último livro, A Riqueza na Base da Pirâmide – Como erradicar a pobreza com o lucro, no qual identifica que cerca de quatro bilhões de habitantes estão na base da pirâmide, vivendo com menos de US$ 2 por dia. Segundo o professor, quando as organizações reconhecerem estas pessoas como empreendedores criativos e consumidores conscientes, um mundo novo de oportunidades se abrirá. Porém, segundo ele, isto não é responsabilidade única dos governos, depende de uma ação integrada entre o poder público, empresas, ONGs e a população que está na base da pirâmide.

Finalizando, diríamos que a sustentabilidade é um desafio não apenas para as empresas, que poderão inovar e criar valor ao integrar as variáveis social-econômica-ambiental em seus negócios, mas um desafio também para as escolas, faculdades ou cursos de Administração, que precisam rever os conteúdos oferecidos e suas propostas pedagógicas, deixando de formar técnicos interessados em copiar as best practices, para formar líderes de uma sociedade global sustentável que irão desenvolver as next practices.

Fonte
NASCIMENTO, Luís Felipe. Modismo ou um desafio? Administração no Milênio. Porto Alegre, n.13.

Um abraço e wacháchá!

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